O mês de agosto terminou em Goiás
com as suas características: quente e seca. Fazendo uma retrospectiva da climatologia
mensal, houveram três períodos distintos ocorrido no estado.
O primeiro período (01-11/08)
começou seco e com atuação moderada da circulação do ASAS (Anticlone do
Atlântico Sul). Devido à passagem de uma massa polar por meados de julho; o ar
subsidente que permaneceu na região foi se aquecendo e perdendo gradativa
umidade. Com isto refletiu-se em temperaturas moderadamente quentes e ausência
de chuvas neste período. Não houve aproximação de frentes frias, enquanto que
valore baixos da umidade relativa do ar colocou o Estado em estado de atenção.
O Segundo período (12 – 24/08) se
comportou totalmente diferente no estado de Goiás. Pois se fortaleceu uma
situação de bloqueio atmosférico no centro-norte do Sul do Brasil e região
Sudeste, impedindo de vez alguma aproximação de frentes frias e massas polares ao
sul do território goiano. Com este quadro era para que tivéssemos, a partir daí,
um calorão imenso, uma vez que a massa subsidente estava já aquecida. Mas isto
não ocorreu, devido à circulação do ASAS, que jogou ventos do quadrante
leste-sudeste, impedindo o aumento das temperaturas. As temperaturas máximas
não subiram tanto, ficando com valores abaixo da média histórica, enquanto as
temperaturas mínimas se comportaram dentro da média e ligeiramente abaixo da
média no leste goiano. O frio das madrugadas de agosto foi pela perda radiativa
de calor noturno. Outro fator, ao se formar uma convergência de umidade no
Espírito Santo e sul da Bahia, esses ventos úmidos chegaram ao centro-leste
goiano (principalmente leste). Mas estes ventos não foram suficientes para
desenvolvimento de nuvens de chuva, devido à adversidade dos parâmetros que
regem o clima seco nesta estação. O importante é que a umidade relativa do ar
acabou oscilando entre 35 e 45% nas horas mais quentes nos setores mais à leste;
o normal seria estar entre 20 e 25%.
Alguns modelos numéricos em seus prognósticos
até ensaiaram ocorrência de chuvisco ou chuva fraca em pontos bem isolados do
setor oriental da região central e leste goiano. Só que acabou não acontecendo.
O que ocorreu mesmo, com umidade elevada em 700 hpa, foi o aumento abundante de
nuvens do tipo estratificada e estrato-cúmulos.
Devido à circulação anticiclônica em
superfície e em toda a coluna troposférica, os ventos passaram soprar de forma
moderada, com rajadas fortes em períodos matutino e às vezes na madrugada.
Situação típica de agosto do inverno goiano. No campo de pressão atmosférica
esse período citado, ficou com valores altos e acima da média.
O terceiro período (25 – 31/08),
devido ao enfraquecimento do bloqueio atmosférico no Sudeste do Brasil, e uma
frente fria conseguir quebrar de forma parcial este bloqueio, chuvas isoladas
de baixo volume ocorreram em pontos do leste e litoral da região sudeste.
Portanto mudando a circulação anterior. Mas acabou por não adentrar o
território goiano, apenas amenizando o extremo sul do estado com um ligeiro
aumento de umidade e nebulosidade. O que ocorre, foi o recrudescimento do ar
tropical de natureza quente e seca sobre o estado. A circulação em níveis
médios da atmosfera se fortaleceu de forma anticiclônica que contribuiu com a
diminuição da nebulosidade e o aumento considerável da temperatura por
compressão adiabática. Tivemos um final de agosto com temperaturas máximas
superiores a 32°C, sendo que o último dia do mês registrou-se a temperatura
mais alta do mês. Em Goiânia os termômetros marcaram máxima de 35.3°C.
As perspectivas para os primeiros
dez dias de setembro, ainda são de tempo seco e quente, circulação
anticiclônica e pouca nebulosidade. Podemos ter recordes anuais de temperatura
neste mês, devido ao fortalecimento da massa tropical continental, que ampliará
seu raio de ação até Goiás. A umidade relativa do ar deverá continuar oscilando
entre estado de atenção e estado de alerta. Não se descarta que em algumas
tardes, a defesa civil venha decretar estado de emergência (quando os valores
são muito críticos e abaixo de 12% nas horas mais quentes). As chances de
ocorrer as primeiras chuvas aumentam a partir da segunda quinzena de setembro.
É bom lembrar que o mês de
setembro, marca o inicio de uma nova estação; estação de transição (do período
seco para o chuvoso). Pela climatologia do estado, baseado nos dados dos
últimos 30 anos, a precipitação no estado gira em torno de 35 a 50 mm neste
mês. Ou seja, o mês ainda é tradicionalmente seco. Quanto as temperaturas, elas
são elevadas e geralmente se comportam como as mais elevadas do ano, dividindo
o cenário com parte do mês de outubro. Há anos que ocorrem incursões de ar frio
vindo do sul do Brasil entre 1 e 3 dias, dando uma refrescada, com temperatura
baixas. Geralmente as temperaturas mínimas no estado e na capital goiana já são
elevadas.
Nos últimos três anos não choveu
no mês de agosto no estado. E as primeiras chuvas só deram as caras no finzinho
de setembro e início de outubro. Gostaria de sempre reforçar: as massas de ar
são muito dinâmicas, quando se passa de projeções acima de 7 dias o grau de
previsão de tempo vai se tornando menos confiável. Mas dá para ter uma certa ideia
de como o tempo dera se comportará, ainda mais se buscar analogias com estados
de tempo e de clima no passado.
Abaixo o CPTEC fornece o mapa de anomalia de temperatura mínima. Olhando para o estado de Goiás, no centro-leste, os termômetros marcaram temperatura máxima abaixo da média, enquanto que no restante do estado as temperaturas ficaram dentro da normal climatológica
Do ponto de vista da temperatura média. Praticamente tivemos um coportamento dentro da média. Nas regiões oeste e sudoeste, os termômetros ficaram acima da média. As temperaturas só ficaram abaixo da média no setor ocidental do planalto central (microregião que compreende Anápolis, Goianápolis, Alexania, Silvânia, Pirenópolis, Abadiânia, Corumbá de Goias) e setor leste (entre Cristalina e Campo Alegre de Goias).
Fonte:CPTEC - Grupo de Climatologia
Do ponto de vista da temperatura mínima (mapa acima), houve apenas registro pontuais negativos em algumas localidades. A temperatura ficou dentro da normal climatológica em quase todo estado de Goiás.
No quesito precipitação o mapa acima mostra uma anomalia negativa em todo estado de Goiás. Nos dois anos anteriores também foi observado esta situação.
Elder
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